🌕 Sabedoria do Limiar
🌕 Nesta época, em pleno outono boreal, levantam-se e caem os véus.
Ficamos mais porosos ao ficarmos mais próximos da noite invernal, tocando profeticamente a morte e os ancestrais. Abrimos as vísceras. Cantamos aos interstícios.
🌑 Aqui mesmo na noite escura.
Esta é uma noite de apocalipse, que significa revelação, que nos abre as portas a outros lugares, fronteiras e dimensões. Sem ver, de olhos abertos ou fechados.
🌑 Aqui mesmo na noite escura.
Comungamos directamente com o âmago do mistério, sem pudor ou julgamento. Misturamo-nos com o que não sabemos ao colo dos antepassados. Respiramos ao que não que não ser visto, clarificado ou concluído. Abraçamos o que se mantém escondido.
🌑 Aqui mesmo na noite escura.
🌕 Ontem comunguei com a Ribeira, minha ancestral, e ela ofereceu-me a sua sabedoria:
– As ideias flutuam, mas podem afundar-se
– Mantém a paciência para os longos ciclos interiores e exteriores
– Alguma turbulência surgirá
– Muitas vozes podem falar ao mesmo tempo
– Se cairmos, alimentamos o chão
– O rio dirá onde criar margens
– As margens são obrigadas a baralhar-se e a mudar
– Por vezes podemos ver-nos reflectidos no processo… mas será sempre uma imagem fugaz
– O nosso compromisso é com a própria impermanência
🌕 Mesmo aqui onde se levantam ou caem os véus.
🌳 Estes vários livros são como vários territórios, lugares diferentes de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.