Animismo
💀 No século XIX o antropólogo inglês Edward Burnett Tylor, cunhou o termo Animismo. Este termo foi criado segundo um paradigma imperial e colonial, sendo um rótulo europeu para classificar e universalizar os povos indígenas como “primitivos,” hierarquicamente inferiores, infantis, mentalmente subdesenvolvidos ou mesmo delirantes.
💀 A perspectiva universalista de Tylor, está assente na ideia que a explicação da ciência ocidental é a única lente válida para compreender o mundo, e que as crenças contextuais indígenas são completamente absurdas e ultrapassadas –continuar a acreditar e a praticar o Animismo era antitético a ser um indivíduo racional e moderno. Na visão de Tylor, os sujeitos e objectos pertencem a categorias fechadas e distintas, pois o avanço científico implicava o entendimento do mundo como fundamentalmente inanimado.
💀 Por seu lado, as narrativas e crenças Animistas incluem os sonhos, os antepassados, as montanhas, os animais e os fenómenos meteorológicos, como seres sencientes e com os quais é possível dialogar; o seu sentido do mundo é em teia e não em linha, incluindo complexidade e paradoxos. Esta visão relacional do mundo e classificação da realidade, não correspondia à visão científica a partir da qual Tylor observava estas culturas, levando-o a considerar o seu conhecimento como vago e impreciso.
💀 De facto existem muitos Animismos, pois a sua sabedoria é profundamente contextual e não universal, derivando directamente da paisagem, ecossistema e bioma. Nesta ética relacional, simbiótica e de responsabilidade profunda, o ser humano não está acima, mas profundamente inserido em teias de parentesco com o mais-que-humano.
🌳 Estes vários livros são como vários territórios, lugares diferentes de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.