Por favor não vibre mais alto, a terra precisa de si.

Numa cultura violenta, hierárquica e dualista, a transcendência das altas vibrações pode fazer-nos esquecer onde estamos.

Pode abstrair-nos da singularidade única do nosso tempo/local. Perdemos conexão à procura de soluções e conceitos globais. Sintetizando o conhecimento, simplificando-o e colapsando-o e esquecendo ou negligenciando as dobras, a diversidade, a complexidade e o fio caótico de toda a criação.

Não precisamos de vibrar mais alto. Não precisamos de escapar para os reinos superiores para nos tornarmos mais ou melhores. Não é só a luz, precisamos também da escuridão.

Quando escalamos para escapar através deste portal superior sem uma verdadeira ligação imanente, podemos perder-nos no narcisismo e individualismo, perdendo a ligação essencial que nos mantém humildes. Esta categorização hierárquica é ainda incutida com uma visão simplista e dualista da natureza das coisas. Continua a categorizar a realidade em objectos e sujeitos.

Como todos os seres sencientes de valor inerente, como tudo o que existe, precisamos de ecoar as vibrações integradas da terra e do cosmos. Precisamos de valorizar a natureza sempre dinâmica e mutável das relações, criação e destruição.

 

Se formos para cima, temos de ir para baixo. Sinta a sujidade, a terra precisa que se lembre. Expandindo-se e contraíndo-se num universo em respiração. Não se esqueça de novo, a terra precisa de si.

@sofiabatalha2020