Espiritualidade como responsabilidade

Nos dias de hoje o desenvolvimento pessoal e os caminhos de resgate do eu são trabalhados de várias formas.

Fruto de uma vivência alojada na mente cartesiana e normativa temos esta fome de resgate de quem somos, deste ser mais completo e integrado, de uma vida mais plena e cheia de significado.

Neste caminho de auto-descoberta pomos em prática vários métodos, exercícios ou vivências. Abrimos chão, e tentarmos encontrar respostas às perguntas da alma, re-encontrando o nosso lugar. O nos traz propósito e valor. O que nos recorda da essência das coisas.

Aliada de toda esta rota de exploração encontra-se a espiritualidade, que muitas vezes é incorporada em saberes e métodos que têm a potencialidade de trazer novas perspectivas sobre a nossa história, o nosso legado e consequentemente sobre o núcleo e a construção do futuro. As práticas espirituais podem conectar-nos a uma realidade incorpórea ou imaterial. Que nos transcende. Podem ajudar-nos num reconhecimento de uma consciência para além de nós, que tudo envolve e permeia.

Normalmente chegamos a este percurso de resgate vulneráveis, pois inevitavelmente colidimos ao longo da vida com desconfortos, angústias, tristezas, sofrimentos e aflições. Sentimo-nos frágeis, indefesos, expostos, desprotegidos ou desamparados.

Precisamos de encontrar um justificação, um motivo ou uma causa para a nossa experiência, o porquê das coisas. Desta forma desarrumada ligamo-nos a figuras estruturantes, que nos trazem respostas ou conclusões. Parece que detêm a chave que nos permite decifrar a dança mítica da nossa vida. Bebemos dos seus conhecimentos, do seu saber e vibração. Professores, terapeutas, mestres, gurus.

Mas precisamos de cuidar.

Cuidar de nós, das verdades do espírito e da alma.

E nunca, mas nunca esquecer que espiritualidade e responsabilidade são um único percurso. Uma correnteza que nos alinha e mantém em conexão à humildade, justiça e integridade. O caminho de desenvolvimento pessoal não é um percurso egoico ou narcísico. Não tem uma função de nos realizarmos no topo de alguma hierarquia de sabedoria ou consciência como melhores, especiais ou escolhidos. Numa realidade sistémica não há messias, mas relações inteiras e humildade ao serviço da vida.

Estás preparado para não ser especial mas ser inteiro?

©SofiaBatalha