É certamente sagrada, mas também tem um significado simplificado para os seres humanos num mundo ocidental moderno.
A beleza tem sido confundida com perfeição, com a expectativa de manter o seu ideal permanentemente fixo.
Mas como tudo o resto neste multiverso, ela muda de forma e transforma-se. Foi também confinada dentro de uma esfera humana solitária, como medida e referência. Sentes o cheiro das flores?
A beleza não tem nada a ver com post’s de Instagram, poses voluptuosas ou fotografias altamente construídas. A beleza não está limitada à nossa norma cultural humana do que é belo, nem tem a ver com um olhar exterior. A beleza é um fio muito mais diversificado e vital nas nossas histórias e experiências.
Lembra-nos os territórios poéticos pelos quais já viajámos; liga-nos ao nosso contexto. É uma vibração divina da relação entre a miríade de coisas.
Ouves os pássaros?
Ao fechar o nosso olhar sobre todas as coisas belas, desligamo-nos do poder da criação. A beleza é imanência selvagem, transbordante de vida, plena de possibilidades dinâmicas. Quando aprisionamos a nossa relação com todas as coisas belas, separamo-nos da beleza nas suas múltiplas formas, tamanhos ou fases. As expectativas podem matar a beleza.
Sentes o ritmo da água?
As coisas belas e selvagens não são apenas para ser vistas. Elas devem ser tocadas mas não dominadas ou controladas. São para serem sentidas, mas não conquistadas. As coisas belas e selvagens derramam-se sobre tudo, mergulhando e despertando-nos para a essência cósmica divina. Há as que seguem a norma de como deve ser a beleza, como uma flor com cores vibrantes e fragrâncias líricas.
Mas também há belas de formas estranhas, como uma romã podre a decompor-se no chão ou ruínas antigas cheias de memórias e sabedoria viva.
Vês as montanhas?
Quando se olha para a beleza, faz-se parte dela. Não é uma experiência exterior objectiva. É uma ligação e ressonância interior, cheia de mistério poético. Não existe tal coisa como “fora de casa”; todo o ser senciente belo está em relação a tudo o resto. A beleza é um tema comunitário.
Abramo-nos a uma realidade bela, mesmo nos seus contextos duros e violentos. Encontrar o fio da beleza divina é um trabalho de tutela de ligação à própria vida.
©Sofia Batalha